quinta-feira, 9 de julho de 2015

Reflexões sobre o Sr. Guardião

Iniciamos nossas reflexões, relembrando o exposto por pai Matta e Silva, em sua obra “Lições de Umbanda e Quimbanda na palavra de um preto-velho”, onde ele afirma que: “A Quimbanda é uma questão fina, difícil de explicar para os entendimentos comuns. Porque, fácil é dizer muitas coisas e atribuí-las aos Exus e com isso criar um conceito enganador que ilude e faz com que os fracos de espírito, ignorantes e mesmo os ingênuos as sigam” Com a atual evolução do pensamento humano, é assim anunciada a hora da desmistificação e superação de tabus e crendices, que outrora assustavam aos desavisados ou profanos à cerca da entidade conhecida, de forma popular, como Exu. Não é mais cabível, pelo menos aos entendidos da velha Arte, que aceitemos a crendice popular transformar esses seres, verdadeiros guardiões, em coisa horripilante, maldosa e até mesmo diabólica, afinal os exus de lei não são nada disso. Aliás, são os nossos protetores, sendo a entidade astral mais próxima dos encarnados. Os Exus são, em verdade, resguardadas as devidas proporções dos conhecimentos arcanos, os agentes da disciplina kármica, sendo necessários para o equilíbrio das coisas, atuando sob leis na busca da evolução tanto sua como dos encarnados. Segundo Rivas Netos, no seu livro intitulado “ A Proto-síntese Cósmica”, os EXUS são como uma espécie de polícia de choque do astral, que fiscaliza e frena o submundo astral. Continuando com as palavras do autor, os Exus não são, como muitos querem, espíritos irresponsáveis, maus, diabólicos ou trevosos. Na verdade, os exus combatem os espíritos e forças maldosas e trevosas, controlando e frenando. Isso posto, faz-se imprescindível apontar que Exu é uma entidade que atua acima dos nossos meros e ínfimos conceitos de bem e mal, tão enraizados em concepções terrenas que fogem as verdades arcanas e astrais, do ponto de vista conceitual. No entanto, a simples modo, podemos afirmar que eles estão ligados ao conceito de Justiça, que são ações e intervenções em contextos/situações que visam o equilíbrio, por meio do reajuste das circunstâncias, visando o cumprimento das Leis Cósmicas. Portanto, nesse sentido, conclui-se que Exu é, em verdade, o disciplinador e regulador para que o caos não se instale sem finalidade. Yapacany no livro “ Umbanda de todos nós”, coloca que eles são Espíritos, na fase de Elementares, que, no último ciclo (3.º) de libertação, podem ter várias encarnações, mas continuam necessitando precipitar, cada vez mais, o próprio karma, na ânsia de criar as ações e os efeitos que facultam a experimentação e consequentes conhecimentos, imprescindíveis, ao “verdadeiro despertar consciente do Ego”... Os Exus são tão necessários à Umbanda, como os serviçais aos patrões. Tudo na vida tem seus, veículos apropriados. As mazelas, doenças, aflições, demandas, interesses materiais, os casos de ódio, de inveja, e mil outras coisas, que estão relacionadas mais com a mente instintiva, no mundo das sensações, são, em maioria, inerentes às vibrações “terra-a-terra”. Tem que haver um paralelo afim, entre os desejos e as vibrações, para que os elementos propiciatórios produzam as condições no plano em que estão situadas. Os Exus não são, como muitos pensam, seres irresponsáveis quanto ao sentido que damos ao bem e ao mal. Para eles, esse conceito faz parte de variações necessárias ao equilíbrio da Lei Karmânica. Essa figura tão controversa, na verdade representa o princípio e a transformação, expressa pela ordem e regulação dos processos de constituição das coisas, sendo múltiplo nas suas expressões, porém transformando singularmente na unidade basal da existência humana. Exu , assim, está intimamente ligado ao ego do ser humano e ao seu subconsciente, reservando-se aqui o direito de não aprofundamento em definições acadêmicas sobre tais aspectos em face da Psicanálise e da Psicologia. No entanto, cabe-nos analisar as reflexões Heinz Hartmann que supõe que no homem, entretanto, a sobrevivência e a conservação estariam ao cargo das funções do ego, desenvolvidas pela aprendizagem e pela maturação. Compete ao ego, portanto, a tarefa de regular as relações do organismo com seu ambiente. E é, de forma grosseira e sem maiores aprofundamentos teóricos neste ponto que afirmamos que atuam os nossos respeitáveis guardiões no âmbito astral. Ao aprofundarmo-nos nas correlações sobre o Exu, encontraremos sua intima ligação com o número 8. Por um viés do estudo da numerologia, dentro de algumas escolas ocultistas, identificaremos que 8 representa um enigma, sendo um numero que transcede a matéria, ou pelo menos uma interpretação neste sentido, representando uma conexão com plano físico e espiritual, não sendo portanto lógicos e racionais. Nesse momento, convidamos o leitor a retomar aspectos expostos neste texto tais como a ligação de Exu com o subconsciente e também a sua atuação acima do bem e do mal que fogem as nossas concepções terrenas e limitadas sobre essa dicotomia. Outro ponto interessante para nossa análise diz respeito ao seu cetro simbólico, que na verdade representa sua atuação com a energia vital emanada do chakra genésico, representando sua atuação no fluxo da energia da Kundalini. Por fim, nessa nossa breve e superficial reflexão sobre a figura de exu, cabe-nos analisar a figura do tridente tão atribuída a exu, e que por vezes acaba evocando idéias errôneas por pessoas não instruídas nos sublimes assuntos da espiritualidade. Na verdade, o tridente apresenta diversa significações e representações., podendo ser associado aos quatro elementos; ou então partindo da interpretação de exu perpassando pelo exposto na psicanálise, buscando por seu arquétipo, podemos inferir que as três pontas do tridente representam a tríade das forças:id (inconsciente), ego (pré consciente) e super ego (consciente). Além disso, há interpretações que indicam que as três pontas do tridente simbolizam as três pulsões humanas, a saber: a sexualidade, a espiritualidade e auto conservação (alimentação). Diante disso, podemos chegar mais perto do entendimento dos arcanos emanados por esse ser espiritual tão importante para nós, afinal sem Exu não se faz nada!

Um comentário:

  1. O tridente que aparece nas ilustrações de Shiva é o trishula.
    É com essa arma que ele destrói a ignorância nos seres humanos, atuação fundamental dos Srs. Exus nos alertando quanto aos perigos da vida ilusória.
    Suas três pontas representam as três qualidades dos fenômenos: tamas (a inércia), rajas (o movimento) e sattva (o equilíbrio).

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