sábado, 18 de julho de 2015

Breve introdução ao pensamento filosófico e religioso do povo Tupy

“Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.”
Oswald de Andrade      
                A Cultura brasileira está recheada de mitos e alusões aos povos indígenas, os quais, certamente, contribuíram também com as concepções religiosas.
                Diante disso, buscamos com esse pequeno texto explorar, de modo superficial, sua teogonia.
                O povo Tupy-guarani, em seu essência eram monoteísta, tendo em Tupan (tupã) o seu Deus soberano. De acordo com o mestre Yapacani, em seu livro “ Mistérios e práticas na lei de Umbanda”, “TUPAN ou TUPÃ – de tu, que significa ruído, estrondo, barulho e pan, que significa ou exprime o som, o estrondo, o ruído feito por alguém que bate, que trabalha, que malha etc. TUPAN era, portanto, o Supremo Manipulador, isto é, Aquele que manipula a natureza ou os elementos. “
                Entretanto, dentro de sua concepção religiosa havia espaço para a manifestação de uma tríade emanada por Tupan, sendo ela: GUARACY, YACY e RUDÁ.
                Numa definição genérica, podemos apontar, baseado nos escritos de Yapacany, que Guaracy era o sol, o qual possuía a significação do princípio vital que animava todas as coisas da natureza. Já Yaci era Lua, a progenitora, em outro termo, a mãe natureza.  Por fim, Rudá ou Perudá era o princípio do Amor. Assim, Guaracy simbolizava o eterno masculino e Yaci o feminino, sendo ruda o princípio que ligava os dois conceitos apresentados, manifestando a criação da natureza, ou simplesmente, possibilitando a existência da natureza.
                Explorando outros aspectos da religiosidade indígena, deparamo-nos com três termos: Yupitan, Yurupary e Suman.
                Yupitan, dentro da tradição, referia-se a uma criança que foi enviada por Tupan. Diz o mito, que Yupitan desapareceu na luz solar. Depois disso, ainda dentro de sua tradução surgiu Yurupari, podendo ser interpretado como o messias, uma das encarnações do cristo planetário. Por fim, surge Suman, um velho de barba branca que surgiu do oriente e que dizia ser um enviado de Tupan, o qual ensinou coisas sobre a lei divina, e depois se despediu de todos e desapareceu.
                Assim, temos também dentro da concepção religiosa indígena o triângulo místico da forma:

Yupitan- criança- pureza e alegria
Yurupari- simplicidade e fortaleza
Suman- Humildade e sabedoria

                Do exposto acima, evidenciamos a necessidade de nos conscientizarmos que todas as civilizações tiveram ou têm a sua cosmogonia, por meio da qual interpretam a realidade e se relacionam com ela. Além disso, se nos aprofundarmos em seus conceitos caminharemos para um ponto de convergência entre todas, onde será possível, em verdade, vivenciarmos o conjunto da lei de Deus.




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