“Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.”
Oswald de Andrade
A
Cultura brasileira está recheada de mitos e alusões aos povos indígenas, os
quais, certamente, contribuíram também com as concepções religiosas.
Diante
disso, buscamos com esse pequeno texto explorar, de modo superficial, sua
teogonia.
O povo
Tupy-guarani, em seu essência eram monoteísta, tendo em Tupan (tupã) o seu Deus
soberano. De acordo com o mestre Yapacani, em seu livro “ Mistérios e práticas
na lei de Umbanda”, “TUPAN ou TUPÃ – de tu, que significa ruído, estrondo,
barulho e pan, que significa ou exprime o som, o estrondo, o ruído feito por
alguém que bate, que trabalha, que malha etc. TUPAN era, portanto, o Supremo
Manipulador, isto é, Aquele que manipula a natureza ou os elementos. “
Entretanto,
dentro de sua concepção religiosa havia espaço para a manifestação de uma
tríade emanada por Tupan, sendo ela: GUARACY, YACY e RUDÁ.
Numa
definição genérica, podemos apontar, baseado nos escritos de Yapacany, que
Guaracy era o sol, o qual possuía a significação do princípio vital que animava
todas as coisas da natureza. Já Yaci era Lua, a progenitora, em outro termo, a
mãe natureza. Por fim, Rudá ou Perudá
era o princípio do Amor. Assim, Guaracy simbolizava o eterno masculino e Yaci o
feminino, sendo ruda o princípio que ligava os dois conceitos apresentados,
manifestando a criação da natureza, ou simplesmente, possibilitando a
existência da natureza.
Explorando
outros aspectos da religiosidade indígena, deparamo-nos com três termos:
Yupitan, Yurupary e Suman.
Yupitan,
dentro da tradição, referia-se a uma criança que foi enviada por Tupan. Diz o
mito, que Yupitan desapareceu na luz solar. Depois disso, ainda dentro de sua
tradução surgiu Yurupari, podendo ser interpretado como o messias, uma das
encarnações do cristo planetário. Por fim, surge Suman, um velho de barba
branca que surgiu do oriente e que dizia ser um enviado de Tupan, o qual
ensinou coisas sobre a lei divina, e depois se despediu de todos e desapareceu.
Assim,
temos também dentro da concepção religiosa indígena o triângulo místico da
forma:
Yupitan- criança- pureza e alegria
Yurupari- simplicidade e fortaleza
Suman- Humildade e sabedoria
Do
exposto acima, evidenciamos a necessidade de nos conscientizarmos que todas as
civilizações tiveram ou têm a sua cosmogonia, por meio da qual interpretam a
realidade e se relacionam com ela. Além disso, se nos aprofundarmos em seus
conceitos caminharemos para um ponto de convergência entre todas, onde será
possível, em verdade, vivenciarmos o conjunto da lei de Deus.
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