segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

O mar: analogias, simbologia e a iniciação

Hoje, refletiremos um pouco sobre um sítio sagrado específico, muito conhecido por nós, que é o mar. Inicialmente, podemos apontar que a reflexão e o encantamento com tal local permeia o conhecimento humano dentro dss suas diversificadas áreas, da Arte a Religião, tendo também importante significação histórica para diversas civilizações.
Um primeiro aspecto a ser considerado, do ponto de vista religioso, é questão do mar está ligado ao principio feminino dentro das mais variadas religiões. Nesse entrecho, podemos apontar nossa análise a partir do ponto de vista conceitual, onde encontraremos em diversas tradições místicas assinalando o mesmo  para as divindades ligadas ao arquétipo da mãe, a divina mãe, sendo o princípio que atua na natureza, o Eterno Feminino, ou seja, a grande mãe. Nesse entrecho, cabe ainda nos destacar que seu planeta regente é a Lua, e que sabemos que Lua e Mar possuem uma ligação muito forte, bastando apenas fazermos uma pesquisa na influência das marés. Às vezes, penso que a divindade deixa se mostrar nas pequenas coisas, mas infelizmente continuamos a ter mentes profanas, agnósticas e muitas vezes com olhar ateu que preferem não aceitar tais revelações divinas, buscando uma explicação cientifica, que de tanto aprofundar nessa pesquisa chega-se o momento em que trava, e aí começa o grande mistério da ligação entre religião e ciência.
Do ponto de vista cientifico, podemos inferir que no mar poderemos achar uma ampla, rica e diversificada flora e fauna, além de uma grande família mineralógica, que empresta ao mesmo sua composição salina, similar ao plasma sanguíneo humano. Pode-se,  simplesmente por esse aspecto,  concebermos  sua utilidade na manutenção da vitalidade do indivíduo.
Também, ainda dentro de uma visão cientifica, mas aproximando o presente raciocínio com o pensamento místico, sabemos que o mesmo é quem regula vida no planeta Terra, ocupando uma significativa camada do globo terrestre, sendo responsável também na formação do oxigênio produzido pelo fitoplancton, contribuindo para formação das nuvens, que depois são transformadas em água doce para nosso consumo. Enfim, poderíamos apontar diversos fatores para embasar nossa afirmação de que o mar é um importante regulador da manutenção da vida na Terra.Assim, podemos avançar dizendo que o mar é vida, o que vai nos aproximar de pensamentos religiosos e místicos da ligação sua com a figura materna.
Por um olhar do Hermetismo, ao analisarmos o mar, encontraremos uma ligação muita estreita com o “Principio de Ritmo”, segundo o texto original: "Tudo tem fluxo e refluxo; tudo ,em suas marés; tudo sobe e desce; tudo se manifesta por oscilações compensadas; a medida do movimento à direita é a medida do movimento à esquerda; oritmo é a compensação."  (O CAIBALION).





Este Princípio contém a verdade que em tudo se manifesta um movimento para diante e para trás, um fluxo e refluxo, um movimento de atração e repulsão, um movimento semelhante ao do pêndulo, uma maré enchente e uma maré vazante, uma maré -alta e uma maré baixa, entre os dois pólos, que existem, conforme o Princípio de Polaridade de que tratamos há pouco. Existe sempre uma ação e uma reação, uma marcha e uma retirada, uma subida e uma descida. Isto acontece nas coisas do Universo, nos sóis, nos mundos, nos homens, nos animais, na mente, na energia e na matéria. (Caibalion)

Por meio de seus movimentos, com a maré, o mar representa em si os vários ciclos e ritmo do cosmo, possuindo na sua propriedade hídrica a fluência e a vitalização. Enfim, tudo é oscilação no seu exercitar-se, no seu ininterrupto ir e vim, representando a própria pulsação da vida em nossos corpos, numa analogia do funcionamento do coração.  
Por outro lado, podemos analisar o mar pela perspectiva histórica e humana, onde encontraremos sua representatividade como o caminho para novas descobertas, assim ele também adquire a simbologia dos caminhos das nossas vidas, nas alternâncias de rotas e destinos tomados racionalmente ou irracionalmente pelo ser humano. Embora seja um substantivo masculino, em diversas tradições como apontado anteriormente, ele sempre estará associado ao feminino. Nesse instante, cabe-nos levar nossa reflexão para sua essência que é o elemento água, com sua característica feminina, que numa visão esotérica está ligado a essência feminina, a emoção, aos sentimentos, ao inconsciente. Nessa perspectiva, podemos ainda buscar sua representatividade na vida iniciática, onde o iniciado precisa conhecer os quatros elementos e vivenciar suas ordálias e experiências. Geralmente, vemos sistemas iniciáticos iniciando seus trabalhos por aquilo que é mais denso que é a Terra, seguindo para o Ar, depois para a Água e finalizando com Fogo, mostrando a definitiva libertação do iniciado da vida profana. É fato que esta sequência iniciátioca muitas vezes não se apresentam de forma clara dentro dos sistemas das diversas escolas de mistérios, tomando muitas vezes outras formas e representações, mas que num estudo analítico e convergente, veremos que todos eles seguem essa ordem, basta exercitarmos nossa capacidade de analogia. Aqui, retomando o raciocínio do presente parágrafo, teremos novamente o mar, representado pelo elemento água, onde a água representará as emoções, a fluência e inconstâncias da vida, num movimento impreciso, porém certeiro, levando o candidato a iniciação a compreender os aspectos citados no seu caminho, entendo o ritmo da vida e os ciclos. Destacamos ainda que nessa jornada, sempre o mar é o referencial para tal vivência e reflexão, embora muitas vezes utilizados por diversas simbologias, as que todos convergem para a grande fonte água, o mar.

Logo, podemos apontar nossas reflexões para uma ideia sintetizada no principio da divina mãe, além de suas funções de regulador da vida, de revitalização e transformação. Acrescentamos ainda que poucos são os homens que conseguem compreender profundamente sua linguagem e seus mistérios.

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