terça-feira, 7 de junho de 2016

ANOTAÇÕES SOBRE A TRONQUEIRA DO SR. EXU


Dentro da casinha de Ao se adentrar um templo de Umbanda, certamente, muitos se depararão com as firmezas existentes na porta, as famosas “casinhas” ou “tronqueiras” de Exu.

Tais firmezas tem como finalidade o assentamento das forças de nossos guardiões, sendo um recurso utilizado para a proteção do local. Na verdade, ela é como um portal, o qual foi ativado, que impede as forças negativas e hostis de atrapalhar ou atacar o templo.

Nesse instante, cabe-nos destacar que os guardiões qualquer que seja o designação cultural utilizada, já eram apreciados na antiga Mesopotâmia muita antes dos celtas ou italianos virem tomar ciência de sua existência. Na verdade,
os guardiões constituem um conceito comum à maioria das tradições mágicas, ainda que possam existir divergentes e diferentes concepções sobre a mesma entidade.

 Dentro da bruxaria, por exemplo, temos os guardiões das torres, os quais zelam por um ponto cardeal e servem de proteção contra as energias nefastas. Assim, em analogia, resguardadas as devidas interpretações culturais e esotéricas, podemos dizer de forma geral que possuem a mesma função de Exu.

Podemos aqui fazer algumas analogias, sem a pretensão de serem verdades absolutas, mas que podem nos abrir perspectivas de entendimento do referido assunto. Inicialmente, podemos entender um templo de Umbanda como um corpo humano, onde temos a cabeça do axé, a qual está próxima do conga, depois temos os braços -(sendo um representativo da energia masculina e o outro da feminina- e por outro lado, os pés do Axé, ao nosso ver, representado pela tronqueira. Nessa perspectiva, vemos uma possível ligação, uma vez que o pé é o que dá sustentação ao corpo, assim é o fundamento de Exu que objetiva dar sustentação ao templo. Também é possível fazer essa analogia pela perspectiva do pentagrama, lembrando que o mesmo representa a movimentação energética.

Exu, temos a representação dos 4 elementos, os quais são itens necessários para a ativação do portal de forças do Sr. Exu. Cabe ainda destacar  que com isso, ativamos as forças sutis, as quais se utilizam os guardiões no seu trabalho. Tais elementos propiciam, em seu aspecto mais interno, manutenção do equilíbrio mágico-vibratório, mantendo inclusive a própria vida física, pois movimenta as forças vitais.

Por meio dos itens utilizados na edificação do portal, podemos inferir que por meio da movimentação da magia astroetérica,  englobando as forças sutis da natureza, sob o comando e vibração dos Orixás, emergem o equilíbrio necessário realizado por Exu para o ritual.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

REFLEXÕES INICIAIS SOBRE O RITUAL RELIGIOSO


Dentro das diversas religiões, sempre vamos nos deparar com o denominado Ritual. Entretanto, você já parou para pensar sobre o que seja um ritual? Quais os elementos que o compõem? Qual sua finalidade na prática religiosa? Partindo dessas indagações, hoje, resolvi realizar algumas reflexões e buscar informações sobre aquilo que chamamos de ritual.

Segundo a Wikipédia, encontraremos como definição para ritual:

“Um ritual é um conjunto de gestos, palavras e formalidades, geralmente imbuídos de um valor simbólico, cuja performance é, usualmente, prescrita e codificada por uma religião ou pelas tradições da comunidade”

De acordo com Joachim Andrade, em seu artigo intitulado “Importância dos rituais nas tradições religiosas”, podemos compreender, dentro de uma concepção ampla e genérica, que o ritual é como um sistema cultural e religioso de comunicação simbólica, construído e organizado em consonância com determinadas sequências ordenadas e padronizadas de silêncio, palavras e atos comumente expressos por múltiplos meios que possuem conteúdos variados. Neste ponto, devemos acrescentar que o ritual possui como base pontos de referências que dão sentido a sua existência e execução, sendo compartilhado com outros seres que possuem anseios comuns, ou podendo ser realizado individualmente.

Importante, neste ponto esclarecer, que entre os vocábulos ritual e rito, temos um pequena diferença conceitual, sendo o rito definido como as normas, regras e ações, e o ritual a execução desse conjunto exposto pelo rito. Podemos dizer ainda que o rito são os princípios básicos para execução do ritual.

Ao nosso ver, os rituais são como uma linguagem simbólica que se constituem numa forma particular de expressão, comunicação e comunhão com o divino, dentro da perspectiva religiosa.

Do ponto de vista religioso, através da execução e vivência do ritual que o ser humano se conecta com energias superiores para determinados objetivos, assim como trazem o mundo divino, em certo nível, para o mundo físico.

Para Mirian Rabelo, em seu artigo “Religião, Ritual e Cura”, publicado pela FIOCRUZ, ao se voltar para um estudo do ritual, vários antropólogos têm enfatizado seu papel transformativo: manipulando símbolos em um contexto extracotidiano, carregado de emoção, o ritual induz seus participantes a perceberem de forma nova o universo circundante e sua posição particular nele. Assim, por meio do ritual, o religioso consegue colocar a sua mente consciente em um trabalho coordenado com o seu subconsciente, ou seja, consciência e subconsciência trabalham conjuntamente. Sendo assim, se cria uma egrégora, uma ambiente sagrado, levando-nos a uma conexão com o macrocosmo mais profunda e consciente. Assume assim, o desígnio de uma necessidade humana, onde a condução ritualística possibilita uma vivência que transcende o nosso racionalismo, levando-nos a plenitude do ser humano e nos colocando em relação com as forças astrais e integrando-nos ao macrocosmo.


quinta-feira, 2 de junho de 2016

OS PONTOS CANTADOS NA UMBANDA


Pensar e refletir sobre as letras dos pontos cantados na Umbanda, certamente, é um interessante e rico exercício mental, que muito pode revelar aos estudantes e adeptos dos mistérios dessa senhora da luz velada.

Desde a Antiguidade, nas diferentes religiões, sempre existiu a louvação em forma de cântico como maneira de ligação com a energia divina. Do ponto de vista da sociologia,  Durkeim (1996), em seu livro “ As formas elementares da vida religiosa”, ao tratar da relação entre música, religião e sociedade, expõe uma possível gênese da música e do canto como forma de se exteriorizar o excesso de energia gerado pelos rituais, onde os praticantes através de elementos sonoros atingiam um estado de harmonia, o qual se integrava na coletividade. Assim sendo, observa-se que as manifestações relgiosas de diversas naturezas utilizaram e ainda utilizam da música para expressar suas crenças, assim como para cumprir funções em rituais religiosos. Portanto, a relação entre música e religião é uma verdade presente em diversos contextos culturais e sociais.

Ao analisarmos as letras, uma primeira questão nos vem a mente: os pontos de Umbanda foram inventados ou são revelados pelo astral superior?  Nesse sentido, buscamos nossa resposta no livro “Mistérios e práticas na lei de Umbanda, de Mestre Yapacani, onde encontramos que os verdadeiros pontos cantados são dados pelas entidades, ou seja, são revelados pelo astral superior.

Outro fator que chama a atenção é a denominação do vocábulo ponto para fazer referências aos cânticos, segundo informações retiradas da internet, ponto é um termo genérico que faz alusão à costureira em tecido, pois cada ponto dado por ela (costura), ela vai, em sequência, “amarrando” um tecido no outro, da mesma forma que no ritual de Umbanda, pois os cantos são em sequência, obedecendo uma finalidade.

A utilização do canto e do som do tambor, para aquelas vertentes que utilizam, são ferramentas rituais de correspondência, sendo elementos de comunicação entre o mundo físico e o espiritual, pois cada canto e ritmo se relacionando com uma determinada vibração, possibilita com mais facilidade a ligação com as energias afins e/ou superiores.

Nesse ponto, cabe-nos revisitar os princípios herméticos para compreender um pouco mais do funcionamento dos cânticos nos rituais. Primeiramente, precisamos lembrar que os sons são frequências vibratórias, ou seja, vibrações,  e assim podemos fazer uma pequena analogia com o principio da vibração e também com o do mentalismo. O Todo é mental, cujo sofre influências do princípio do padrão vibratório. Assim, as manifestações vibratórias produzidas pelos cânticos resultam em vibrações no TODO, possibilitando que haja correspondência e harmonização. A música nos conecta com a essência divina, sendo ela um possante elemento alquímico e, dentro do campo das Artes é a que vai mais fundo na alma, possibilitando uma conexão com outras energias, de forma mais profunda.