Na
atualidade, qualquer estudante das ciências ocultas encontrará muitas receitas
e fundamentos solicitando a utilização das velas. No entanto, cabe-nos frisar
que seu advento não é exclusividade da modernidade, pois gravuras rupestres já
apontavam para utilização algo semelhante na era Antes de Cristo. A crença na realidade dos poderes
mágicos está e esteve presente em diversas civilizações e, consequentemente,
nas culturas.
Crowley
definia magia como a Ciência e a Arte de
causar mudanças de acordo com a vontade, postulando que qualquer mudança pode
ter efeito através da aplicação do tipo e grau de força apropriados, a
maneira apropriada, através do meio apropriado ao objeto apropriado. Assim, a
grosso modo, podemos inferir que a Magia é a ciência dos magos, a qual causa
efeitos físicos visíveis a partir operações e processos invisíveis e ocultos. No
entanto, para a realização do ato mágico, o mago necessita do uso concentrado e
determinado do pensamento, da emoção e da vontade, tudo misturado num conjunto
harmônico necessitando assim ao operador da magia de elementos e sinais físicos
para auxiliá-lo no procedimento. Dessa forma, os ritos e os elementos
utilizados na operação mágica são condensações radicais fluídicas primordiais
ligadas as linhas de forças que a tudo comandam, regulando a movimentação
energética para o fim proposto.
Nesse
ponto, cabe-nos visitar os postulados do Hermetismo exposto em “O Caibalion”, e
assim buscamos em nossa reflexão dois principios fundamentais do Hermetismo,
dentre os sete principais, que são: o principio do mentalismo e o da vibração.
Quanto ao primeiro, encontraremos que "O
TODO é MENTE; o Universo é Mental. Assim, encontraremos neste princípio uma
grande verdade que tudo é mente, que há uma realidade substancial que se oculta
em todas as manifestações e aparências que conhecemos sob o nome de Universo
Material, Fenômenos da Vida, Matéria, Energia, numa palavra, sob tudo o que tem
aparência aos nossos sentidos materiais. Na sequência, temos o terceiro
princípio que é o da vibração, onde encontraremos que nada está parado, tudo se
move,tudo vibra. Diante desse principio, encontraremos um postulado que demonstra
a verdade das coisas, afirmando que tudo está em movimento, tudo vibra e nada
está parado. E nessa incursão pelo Hermetismo cabe-nos ainda mencionar o princípio
da correspondência, "O que está em cima é como o que está embaixo, e o que
está embaixo é como o que está em cima", onde a verdade que existe uma
correspondência entre as leis e os fenômenos dos diversos planos da Existência
e da Vida. Tal axioma proporciona-nos ao ser humano os meios de explicar muitos
paradoxos obscuros e segredos da Natureza, exprimindo a Lei Universal.
Após
essa explanação sobre magia, chegamos enfim a utilização mágica das velas, onde
inicialmente precisamos entender que ela é, antes e tudo, um elemento
necessário a alguns tipos de movimentações energéticas e ritos mágicos,
constituindo-se assim num aparato físico para o propósito mágico, sendo também
um condensador fluídico. Na perspectiva do Hermetismo, inferimos, então, em sua
utilização que ela tem um padrão vibratório, o qual o magista manipula com suas
reais intenções, carregando e condensando o fluído invisível e a energia
manifestando o outro principio hermético. Aqui, chegamos a conclusão que ao
acendermos uma vela devemos declarar sua intenção ou propósito, direcionando e
vibrando as energias sutis, movimentando as linhas de forças, pois ao contrário
será apenas uma luz acesa, sem efeito nenhum.
Por
outro viés de análise da utilização da velas, veremos que ela, por sua
natureza, está ligado ao elemento ígneo, porém para além disso ela tem a
representação dos 4 elementos assim como os
estados da matéria. Diante disso, evocamos uma das possíveis
interpretações do pentagrama, demonstrando o domínio dos elementos. Assim,
divagando nas ideias, encontraremos que
o pentagrama está associado ao número 5 (Yorimá), o qual está associado aos
elementos dinâmicos, ou seja, aquilo tem movimento e força. Nesse sentido, o
número 5 é um símbolo sintético, constituindo-se na síntese da movimentação
mágica, edificando a concepção do homem dominando os elementos. Cabe-nos aqui
ainda acrescentar que, de acordo com Eliphas Levi,o pentagrama representa
exprime a dominação do espírito sobre os elementos, mostrando como o ser humano
os ordena. Ainda, acrescentamos que algumas escolas iniciáticas, tem no
número cinco a representatividade do princípio do centro, não só geográfico,
mas energético e espiritual. É ele que permite equilibrar e regular o jogo constante do yin e do yang em suas
diferentes manifestações e assegurar a unidade do fluxo perpétuo das coisas. O
cinco representa a adição dos dois, de essência feminina, ao três, de essência
masculina. Simboliza, portanto, a totalidade
do universo.
Por fim, quanto o número de velas utilizadas nos rituais, mestre Yapacani
aponta que devemos utilizar em número par para coisas materiais e ímpar para
fins espirituais. Ao nosso ver, suas considerações estão intimamente ligadas as
concepções de numerologia dentro da cabala, as quais não explicitaremos aqui
pois necessitaríamos estenderíamos o presente texto, no entanto dentro da
escola pitagórica teremos que os números pares e ímpares se ligam pelas ideias
de finito e infinito, constituindo um todo harmônico. Assim, para além da
alquimia da vela na utilização da magia e também nos rituais com diversas
finalidades ( adoração, celebração, súplica, etc) o sacerdote deve possuir
sólidos conhecimentos da numerologia para compreender a necessidade de velas
(luzes) a serem utilizadas visando vibrar o principio do objetivo ritualístico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário