domingo, 20 de setembro de 2015

INTRODUÇÃO AO USO MÁGICO DAS VELAS


Na atualidade, qualquer estudante das ciências ocultas encontrará muitas receitas e fundamentos solicitando a utilização das velas. No entanto, cabe-nos frisar que seu advento não é exclusividade da modernidade, pois gravuras rupestres já apontavam para utilização algo semelhante na era Antes de Cristo. A crença na realidade dos poderes mágicos está e esteve presente em diversas civilizações e, consequentemente, nas culturas.

Crowley definia magia como  a Ciência e a Arte de causar mudanças de acordo com a vontade, postulando que qualquer mudança pode ter efeito através da aplicação do tipo e grau de força apropriados,  a maneira apropriada, através do meio apropriado ao objeto apropriado. Assim, a grosso modo, podemos inferir que a Magia é a ciência dos magos, a qual causa efeitos físicos visíveis a partir operações e processos invisíveis e ocultos. No entanto, para a realização do ato mágico, o mago necessita do uso concentrado e determinado do pensamento, da emoção e da vontade, tudo misturado num conjunto harmônico necessitando assim ao operador da magia de elementos e sinais físicos para auxiliá-lo no procedimento. Dessa forma, os ritos e os elementos utilizados na operação mágica são condensações radicais fluídicas primordiais ligadas as linhas de forças que a tudo comandam, regulando a movimentação energética para o fim proposto.

Nesse ponto, cabe-nos visitar os postulados do Hermetismo exposto em “O Caibalion”, e assim buscamos em nossa reflexão dois principios fundamentais do Hermetismo, dentre os sete principais, que são: o principio do mentalismo e o da vibração. Quanto ao primeiro, encontraremos que  "O TODO é MENTE; o Universo é Mental. Assim, encontraremos neste princípio uma grande verdade que tudo é mente, que há uma realidade substancial que se oculta em todas as manifestações e aparências que conhecemos sob o nome de Universo Material, Fenômenos da Vida, Matéria, Energia, numa palavra, sob tudo o que tem aparência aos nossos sentidos materiais. Na sequência, temos o terceiro princípio que é o da vibração, onde encontraremos que nada está parado, tudo se move,tudo vibra. Diante desse principio, encontraremos um postulado que demonstra a verdade das coisas, afirmando que tudo está em movimento, tudo vibra e nada está parado. E nessa incursão pelo Hermetismo cabe-nos ainda mencionar o princípio da correspondência, "O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima", onde a verdade que existe uma correspondência entre as leis e os fenômenos dos diversos planos da Existência e da Vida. Tal axioma proporciona-nos ao ser humano os meios de explicar muitos paradoxos obscuros e segredos da Natureza, exprimindo a Lei Universal.

Após essa explanação sobre magia, chegamos enfim a utilização mágica das velas, onde inicialmente precisamos entender que ela é, antes e tudo, um elemento necessário a alguns tipos de movimentações energéticas e ritos mágicos, constituindo-se assim num aparato físico para o propósito mágico, sendo também um condensador fluídico. Na perspectiva do Hermetismo, inferimos, então, em sua utilização que ela tem um padrão vibratório, o qual o magista manipula com suas reais intenções, carregando e condensando o fluído invisível e a energia manifestando o outro principio hermético. Aqui, chegamos a conclusão que ao acendermos uma vela devemos declarar sua intenção ou propósito, direcionando e vibrando as energias sutis, movimentando as linhas de forças, pois ao contrário será apenas uma luz acesa, sem efeito nenhum.

Por outro viés de análise da utilização da velas, veremos que ela, por sua natureza, está ligado ao elemento ígneo, porém para além disso ela tem a representação dos 4 elementos assim como os  estados da matéria. Diante disso, evocamos uma das possíveis interpretações do pentagrama, demonstrando o domínio dos elementos. Assim, divagando nas ideias,  encontraremos que o pentagrama está associado ao número 5 (Yorimá), o qual está associado aos elementos dinâmicos, ou seja, aquilo tem movimento e força. Nesse sentido, o número 5 é um símbolo sintético, constituindo-se na síntese da movimentação mágica, edificando a concepção do homem dominando os elementos. Cabe-nos aqui ainda acrescentar que, de acordo com Eliphas Levi,o pentagrama representa exprime a dominação do espírito sobre os elementos, mostrando como o ser humano os ordena. Ainda, acrescentamos que algumas escolas iniciáticas, tem  no número cinco a representatividade do princípio do centro, não só geográfico, mas energético e espiritual. É ele que permite equilibrar e regular o jogo constante do yin e do yang em suas diferentes manifestações e assegurar a unidade do fluxo perpétuo das coisas. O cinco representa a adição dos dois, de essência feminina, ao três, de essência masculina. Simboliza, portanto, a totalidade do universo.

Por fim, quanto o número de velas utilizadas nos rituais, mestre Yapacani aponta que devemos utilizar em número par para coisas materiais e ímpar para fins espirituais. Ao nosso ver, suas considerações estão intimamente ligadas as concepções de numerologia dentro da cabala, as quais não explicitaremos aqui pois necessitaríamos estenderíamos o presente texto, no entanto dentro da escola pitagórica teremos que os números pares e ímpares se ligam pelas ideias de finito e infinito, constituindo um todo harmônico. Assim, para além da alquimia da vela na utilização da magia e também nos rituais com diversas finalidades ( adoração, celebração, súplica, etc) o sacerdote deve possuir sólidos conhecimentos da numerologia para compreender a necessidade de velas (luzes) a serem utilizadas visando vibrar o principio do objetivo ritualístico.